A Copa do Mundo dos nossos filhos Incentivar ou não a torcida dos pequenos pela seleção brasileira? Educadora dá a sua opinião sobre o assunto.

Nossa geração anda mesmo desiludida com os rumos do nosso país e claro isso se reflete na nossa relação com a Copa do Mundo. Menos ruas enfeitadas, menos decorações nos prédios e casas, um tanto menos de alegria. De tempos em tempos, falamos sobre o Brasil que deixaremos para nossos filhos e netos. Será a desilusão nossa herança?

Tenho dedicado um tempo para enfeitar a casa, o trabalho, para vestir a camisa da seleção, enfim, para que meus filhos aprendam a torcer pelo Brasil, a reconhecer nossa bandeira, a admirar o ritual que envolve o hino, a sentir a alegria de ver nosso país marcar um gol. O país em que vivemos precisa ser cuidado, mas, antes de tudo, precisa ser amado.

Bento e Joaquim, do alto dos seus 1 e 2 anos, ainda não compreendem os esquemas de corrupção, as falhas nos serviços públicos, toda a complexidade da democracia brasileira. Para que eles e a próxima geração se empenhem na construção do tão esperado “Brasil do futuro”, além de senso crítico, precisarão de paixão. Paixão pelo país em que vivem, por todas as suas belezas, por todos os seus talentos, o futebol inclusive.

Não falo somente do futebol profissional, mas do futebol das ruas, das traves marcadas pelo chinelo, das bolas de meia, do talento dos pés descalços. A paixão pode virar o jogo. Um dia, os pequenos vão debater sobre as polêmicas da pátria, mas, por ora, curtir o sabor da vitória, a vibração da torcida, sentir o coração acelerado e, até mesmo, provar a frustração da derrota. Vamos deixá-los experimentar o amor à pátria, antes dos dissabores.

Tenho tantas e tantas memórias afetivas relacionadas à Copa… A molecada pintando o meio-fio, colando bandeirinha, assistindo junta a cada partida. Não vamos negar para as próximas gerações essas memórias. Tanto já lhes tem sido negado, que, ao menos, a alegria de ser brasileiro possa permanecer.

Hoje escrevo menos um texto e mais um convite. Um convite às famílias para que se permitam colar figurinhas, assistir televisão na rua, pintar o rosto, encontrar a família a cada partida. Em alguns anos, esse país estará nas mãos de Bentos e ‘Joaquins’, o país será deles, então, que o amor à pátria os ajude a superar os problemas.

 

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Um dos maiores prazeres que esta coluna me dá é usar a força e o enorme peso deste jornal para discutir pautas fora da caixa. Um das discussões de ponta hoje no mundo, não nas principais economias, mas no que eu chamo de principais sociedades, como as nórdicas, é o foco em bebês. A maioria das pessoas tem filhos no momento de sua vida profissional em que elas têm menos tempo para ser pai ou mãe. Mas são justamente os primeiros 18, 24 meses dos bebês que os estudiosos do assunto chamam de “momento Harvard”. A gente dá tudo na vida para colocar os filhos na USP, na FGV, no Insper, em Harvard, em Stanford. Mas é do zero aos 18 meses que o chip Harvard é colocado neles. Por isso é fundamental que casais modernos e futuros pais se informem sobre esse rico debate que se trava hoje no mundo avançado. Um debate que deve gerar políticas públicas modernas e práticas familiares modernas também. O cérebro humano se desenvolve muito rapidamente logo depois do nascimento, atingindo quase metade do seu tamanho adulto com apenas poucos meses de vida. É uma máquina de conhecimento que precisa ser cuidada e estimulada desde cedo. O bebê não pode ficar só ao cuidado de terceiros, da TV ou da Galinha Pintadinha. Cantar para o bebê é fundamental. Incentivá-lo em avanços cognitivos é imprescindível. Ser um pai e uma mãe modernos é dedicar atenção ao bebê justamente naquela hora em que se chega em casa completamente exausto. Conheço esses problemas e fui muitas vezes omisso terceirizando esse cuidado. Hoje está mais do que provado que é o casal, a família e eventualmente um profissional modernamente orientado que vão fazer com que o bebê se desenvolva intelectualmente naquele momento Harvard, naquele momento de fundação de prédio. Se você está grávido, futuro papai ou futura mamãe, “google” tudo sobre esse assunto. Consulte o site Raising Children Network, custeado pelo governo australiano. O governo de lá, como o de muitos países desenvolvidos, estimula como pode e com cada vez mais recursos a reprodução de seus cidadãos. A Suécia, o país mais avançado da União Europeia nesse assunto, foca a assistência e os benefícios tanto na mãe quanto no pai, garantindo que ambos possam exercer os mesmos direitos e cumprir as mesmas obrigações nesse período tão importante não só para o bebê mas para toda a família. Os resultados mostram que estão no caminho certo. Veja também uma excelente entrevista da ex-secretária de Estado americana e recém-vovó Hillary Clinton para a TV CNN sobre o assunto. Minha mãe, engenheira formada em 1957 e que me teve em 1958, cantava para me pôr a dormir. Na entrevista, Hillary conta como essa prática de ninar é importante para os bebês. E não é só a vida acadêmica que começa a ser moldada quando se é um bebê. Outro dia o “New York Times” divulgou uma série de novas pesquisas apontando que os hábitos alimentares estabelecidos quando nós ainda somos bebê têm enorme influência no que comeremos durante toda a vida. Nessa era em que cada vez mais somos o que nós comemos, é bom prestar muita atenção no que seu bebê está comendo ou no que você está dando para ele comer, pois ali está nascendo o padrão alimentar do seu filho para o resto da vida dele. E, claro, não crie seus bebês apenas para o futuro. É preciso criá-los para o presente também. Nós não temos que dar aos bebês brinquedos que os deixem entretidos e quietos, mas motivados, articulados e pensativos. E falar com eles quando pensamos que eles não estão escutando. Os bebês compreendem a linguagem muito antes de aprender a falar. Agora que eu me preparo para ser avô num futuro próximo, vou estudar para isso. Para poder ajudar meus filhos modernamente atarefados, dividindo com eles a tarefa de dar ao bebê seu primeiro diploma: um cérebro afiado para tudo mais.