Berçário Corporativo – um abraço à gestante

Presidências. Multinacionais. Ministérios. Cinema. Televisão. Oficinas Mecânicas. Plataformas de Petróleo. Guerras. As mulheres avançaram em áreas diversas e, com elas, os dilemas da maternidade. Paira sobre nós, mulheres profissionais, o medo e o desejo da maternidade. O sonho de ser mãe vai ao encontro do medo da licença maternidade, do afastamento do trabalho, da ideia de uma demissão eminente. Como as empresas lidam com mulheres talentosas, mas “ameaçadas” pela gestação?
Para o empregador, a resposta era simples, não contratar mulheres ou oferecer salários menores, dado que, com a contratação da profissional, caminhava junto o ônus da possível maternidade. Esse “mindset” ainda persiste em algumas empresas, mas essas estão fadadas ao insucesso, porque não serão capazes de reter as talentosas saias que progressivamente dominam o mercado. Sobre essas empresas não nos cabe agora refletir, porque estão presas ao passado, e nós falamos de futuro.
Mulheres ocupam hoje funções imprescindíveis dentro de grandes empresas e o empregador já não pode nos ver como mão de obra descartável. Se estamos, em determinados campos, em minoria, somos, muitas vezes, uma minoria elitizada, CEOs, economistas chefe que lideram um exército de homens. Piadas sobre TPMs, crises hormonais e descontroles estão sendo superadas pelos excelentes resultados de uma gestão feminina.
Restou às empresas abraçar a ideia da possível gestação e, assim, reter os talentos femininos. A tranquilidade e a assiduidade da profissional/líder/mãe torna-se imprescindível. O berçário corporativo surge como ferramenta de retenção de talento, estratégia de qualidade de trabalho e, claro, como uma boa dose de doçura ao frio universo corporativo, um verdadeiro oásis em prédios comerciais. As profissionais podem focar em suas atividades, amamentar, ampliar a jornada de trabalho, caso precisem, e curtir o pequeno no coffe break. O berçário transformou-se na resposta para os dilemas da empresa e das mulheres.
E os homens, não são eles pais em potencial? Por que a paternidade aparenta demandar menos que a maternidade e, por isso, assusta menos os empregadores? Essa é uma outra discussão, sobre um futuro ainda a construir. Calma, calma, calma, a gente está chegando lá!
Por Camila Queres

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Um dos maiores prazeres que esta coluna me dá é usar a força e o enorme peso deste jornal para discutir pautas fora da caixa. Um das discussões de ponta hoje no mundo, não nas principais economias, mas no que eu chamo de principais sociedades, como as nórdicas, é o foco em bebês. A maioria das pessoas tem filhos no momento de sua vida profissional em que elas têm menos tempo para ser pai ou mãe. Mas são justamente os primeiros 18, 24 meses dos bebês que os estudiosos do assunto chamam de “momento Harvard”. A gente dá tudo na vida para colocar os filhos na USP, na FGV, no Insper, em Harvard, em Stanford. Mas é do zero aos 18 meses que o chip Harvard é colocado neles. Por isso é fundamental que casais modernos e futuros pais se informem sobre esse rico debate que se trava hoje no mundo avançado. Um debate que deve gerar políticas públicas modernas e práticas familiares modernas também. O cérebro humano se desenvolve muito rapidamente logo depois do nascimento, atingindo quase metade do seu tamanho adulto com apenas poucos meses de vida. É uma máquina de conhecimento que precisa ser cuidada e estimulada desde cedo. O bebê não pode ficar só ao cuidado de terceiros, da TV ou da Galinha Pintadinha. Cantar para o bebê é fundamental. Incentivá-lo em avanços cognitivos é imprescindível. Ser um pai e uma mãe modernos é dedicar atenção ao bebê justamente naquela hora em que se chega em casa completamente exausto. Conheço esses problemas e fui muitas vezes omisso terceirizando esse cuidado. Hoje está mais do que provado que é o casal, a família e eventualmente um profissional modernamente orientado que vão fazer com que o bebê se desenvolva intelectualmente naquele momento Harvard, naquele momento de fundação de prédio. Se você está grávido, futuro papai ou futura mamãe, “google” tudo sobre esse assunto. Consulte o site Raising Children Network, custeado pelo governo australiano. O governo de lá, como o de muitos países desenvolvidos, estimula como pode e com cada vez mais recursos a reprodução de seus cidadãos. A Suécia, o país mais avançado da União Europeia nesse assunto, foca a assistência e os benefícios tanto na mãe quanto no pai, garantindo que ambos possam exercer os mesmos direitos e cumprir as mesmas obrigações nesse período tão importante não só para o bebê mas para toda a família. Os resultados mostram que estão no caminho certo. Veja também uma excelente entrevista da ex-secretária de Estado americana e recém-vovó Hillary Clinton para a TV CNN sobre o assunto. Minha mãe, engenheira formada em 1957 e que me teve em 1958, cantava para me pôr a dormir. Na entrevista, Hillary conta como essa prática de ninar é importante para os bebês. E não é só a vida acadêmica que começa a ser moldada quando se é um bebê. Outro dia o “New York Times” divulgou uma série de novas pesquisas apontando que os hábitos alimentares estabelecidos quando nós ainda somos bebê têm enorme influência no que comeremos durante toda a vida. Nessa era em que cada vez mais somos o que nós comemos, é bom prestar muita atenção no que seu bebê está comendo ou no que você está dando para ele comer, pois ali está nascendo o padrão alimentar do seu filho para o resto da vida dele. E, claro, não crie seus bebês apenas para o futuro. É preciso criá-los para o presente também. Nós não temos que dar aos bebês brinquedos que os deixem entretidos e quietos, mas motivados, articulados e pensativos. E falar com eles quando pensamos que eles não estão escutando. Os bebês compreendem a linguagem muito antes de aprender a falar. Agora que eu me preparo para ser avô num futuro próximo, vou estudar para isso. Para poder ajudar meus filhos modernamente atarefados, dividindo com eles a tarefa de dar ao bebê seu primeiro diploma: um cérebro afiado para tudo mais.